Diário da Tour - Dia 1: voo apertado, okupa em Santiago e primeira tokata

Bruno Gozzi
Share

Dia 1

Voo econômico e apertado — desespero dos gigantes da banda. Lá pelas 3h de viagem ouvi: “se abrir a porta eu pulo”. Não duvidei. Que começo.

Gastamos quase todo o nosso espanhol no aeroporto e, depois de muita confusão, chegamos à casa do nosso primeiro anfitrião, o Gato — uma das pessoas mais cordiais que já vi. Se não fosse músico, teria futuro como guia.

Nos instalamos em uma okupa perto do centro. Me chamou atenção a organização das tarefas dos residentes e a cachorrinha simpática (que não hesitou em deixar um presentinho cheiroso na porta do quarto). Todo mundo ligado à arte, muito repertório e papo bom. Bebemos, trocamos ideias e descobri que o salário mínimo chileno é bem mais alto que o do Brasil; e, apesar de toda a história chilena, nossa polícia ainda consegue ser mais violenta. :-(

A “zona azul” aqui funciona diferente: ao estacionar, um fiscal aparece e coloca um “mini boleto” no vidro. Na saída, ele volta com uma maquininha e cobra os minutos. Um flanelinha oficial.

Mais tarde, o Gato levou a gente para um PF chileno raiz: preço bom, muita comida e a descoberta de que, ao adicionar um ovo frito em qualquer prato, vira “a lo pobre”. Genial.

À noite, partimos para a tokata (como falam aqui). Bandas afiadas: rápido, pesado, do jeito que a gente gosta. O público é muito interessado em figuras brasileiras — Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano, Sepultura, Garotos Podres, Skank, Ratos de Porão e, para meu desespero, Chorão (entendo a importância, mas não desce). Inevitável: terminamos cantando “Roda Viva” abraçados. Fez sentido.

Fechamos a madrugada no La Comarca. Os donos foram de uma cordialidade absurda, preocupados com a gente o tempo todo. Saímos com regalos e a sensação de estar em casa.

Bruno Gozzi